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Precisamos readequar os processos seletivos

  • 21 DE July DE 2021
  • Ricardo Missel

Imagem: freepik / ijeab

Com a reorganização das empresas pós pandemia, muitos profissionais imaginaram que o cenário do mercado de trabalho seria o seguinte: com desemprego em alta e a abertura de novos postos de trabalho a partir da retomada da economia, contratar bons profissionais seria uma tarefa mais fácil do que antes. Porém, a realidade é oposta. Está cada vez mais complexo encontrar o profissional que o mercado demanda, e isso não tem relação apenas com a lei da oferta por trabalho, mas com o perfil de competências exigido pelas novas vagas.

Uma pesquisa da consultoria Gartner elencou três razões principais para essa situação:

1 - Vida útil das habilidades

A velocidade do desenvolvimento tecnológico e das incertezas provocadas pela globalização impulsionam constantemente a necessidade de novos conhecimentos. Isso faz com que as habilidades se tornem obsoletas em um curto espaço de tempo, exigindo atualização e aprendizado contínuo em quase que qualquer profissão. Essa realidade dificulta a busca por profissionais tecnicamente qualificados e indicam que recrutadores devem priorizar cada vez mais as habilidades comportamentais.

2 - Talentos ocultos

Ambientes que antes eram cobiçados em função da formação de excelentes profissionais como universidades, escolas e grandes organizações deixam de ser os únicos celeiros de talentos. Com o crescimento do ensino remoto e de novos canais de educação, além da democratização do conhecimento com a proliferação de cursos online, o aprendizado em todos os níveis ampliou seu alcance para fora desses espaços. Hoje, muitos talentos e indivíduos com habilidades raras também estão em suas casas ou em pequenas empresas e startups. Nasce o desafio de comunicar oportunidades para esse público.

3 - Atrativos de engajamento

Os candidatos têm demonstrado interesse por aspectos além da remuneração e dos benefícios quando procuram uma oportunidade de trabalho. Flexibilidade de horário e local, incentivo ao aprendizado e a saúde mental, qualidade dos relacionamentos, acesso ao gestor direto, proximidade da família entre outros aspectos têm ganhado relevância na hora de priorizar as oportunidades. São mudanças que provocam impacto direto sobre as políticas de RH e a cultura da empresa, e que serão a nova realidade de atrativos para engajamento de colaboradores.

Essas três razões evidenciam a transformação cultural que a sociedade impõe as organizações a partir do momento em que toma consciência de seu papel de protagonismo no ambiente dos negócios. As “vidas pessoal ou profissional” deixam de ter sentidos opostos e precisam se entrelaçar para satisfazer os melhores profissionais, que não veem mais o trabalho apenas como obrigação, mas como oportunidade de manifestar suas habilidades e impactar seu entorno.

Esse novo conceito de trabalho exige que as empresas ajustem o propósito de sua existência em busca de um alinhamento com seu principal diferencial: as pessoas. As empresas que não acreditarem na importância desse alinhamento renunciarão aos melhores talentos. Adaptar os processos seletivos e as oportunidades de trabalho nesse sentido é fundamental para o futuro de qualquer negócio.