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POR QUE O BEM-ESTAR COMEÇA PELAS PESSOAS E NÃO PELAS EMPRESAS?

  • 09 DE December DE 2020
  • Ricardo Missel
  • Artigos

Imagem: freepik / yanalya

A PwC realizou uma pesquisa com 699 CEOs de mais de 60 países entre os meses de junho e julho de 2020. O objetivo era identificar quais serão os principais desafios e estratégias desses executivos e de suas empresas para superar as dificuldades impostas pela pandemia. Como resultado, foram levantados três pontos como fundamentais para o desenvolvimento de estratégicas assertivas de longo prazo:

- Tornar a empresa mais digital e virtual

- Desenvolver a flexibilidade para lidar com as incertezas

- Atuar orientado pelo foco nas pessoas

Como mudanças estruturais mais relevantes nessa pesquisa, 78% disseram acreditar que o trabalho remoto é uma tendência a ser mantida e 61% veem os locais de trabalho de baixa densidade como uma nova realidade. São dados que ilustram a importância de que as empresas redobrem sua atenção sobre as pessoas, e o quanto fatores relacionados aos recursos humanos terão impacto cada vez mais significativo sobre os negócios.

É comum observarmos, principalmente em organizações de grande porte e disruptivas, a adoção de diversas atividades e iniciativas que têm como objetivo a preocupação com o bem-estar e satisfação do colaborador mesmo antes da pandemia. No entanto, após as transformações provocadas pelo vírus, o foco sobre as pessoas nas organizações foi potencialmente elevado, basicamente pelo fato de estas serem as principais responsáveis pelas ações e estratégias de enfrentamento ao COVID-19 e ao reaquecimento da economia mundial.

O fato é que as estratégias com foco nas pessoas e no bem-estar sempre foram desenvolvidas a partir de uma perspectiva corporativa, que muitas vezes distorcia as necessidades das pessoas ou as considerava de forma genérica e pouco individual. Era muito comum observar casos de pessoas positivamente impactadas por uma ou outra ação ou benefício, enquanto outras não conseguiam sequer perceber ou tomar conhecimento sobre como a empresa se preocupava com seu bem-estar.

A pandemia deixou muito claro que as pessoas demandam estratégicas de benefícios e bem-estar individualizadas e adaptadas. Como exemplo, podemos citar alguns casos de pessoas que:

- enfrentaram quadros de depressão e distúrbios de comportamento

- se adaptaram rapidamente ao home-office e aumentaram sua produtividade

- encararam o tempo em casa como forma de se aproximar da família

- desenvolveram doenças relacionadas à falta de mobilidade e pouca interação social

- valorizaram o tempo e dinheiro quem economizam em transporte entre a casa e o trabalho

- precisaram reduzir a carga horária de trabalho em função da necessidade de cuidar dos filhos

Esses casos foram percebidos em pessoas que trabalham na mesma empresa e são colegas de equipe. Em função de sua organização e estrutura familiar, condição financeira, emocional e responsabilidades pessoais foram positiva ou negativamente impactadas pela pandemia, mesmo que esses fatores não fizessem nenhuma diferença em seu desempenho anteriormente. São exemplos que deixam evidente a necessidade de que as empresas atuem com foco nas pessoas de forma individual ou, pelos menos, mais adaptada.

Estratégias com foco nas pessoas precisam contar com informações sobre o público e definir personas (perfis fictícios de funcionários) que representem seus colaboradores. Outra prática muito adequada nesse sentido é utilizar people analytics (informações com base em dados sobre as pessoas). Dessa forma, é possível identificar necessidades reais e específicas que permitam criar ações eficazes para o bem-estar das pessoas.

É fundamental que haja uma análise criteriosa sobre o perfil das pessoas e suas necessidades antes de desenvolver iniciativas e estratégicas com foco nos recursos humanos. Do contrário, é grande a probabilidade de que os esforços da empresa não sejam percebidos ou não tenham o impacto esperado. Quando falamos em bem-estar precisamos sempre considerar que as pessoas são diferentes umas das outras. Portanto, as estratégias precisam refletir as individualidades de forma otimizada para alcançar bons resultados.