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REDEFININDO A ARTE DE RECRUTAR PESSOAS

  • 30 DE October DE 2020
  • Ricardo Missel
  • Artigos

Imagem: freepik / macrovector

A busca pelo profissional ideal que envolve etapas de recrutamento, seleção e engajamento de talentos sempre foi um grande desafio para as empresas, e sempre será. Em uma pesquisa recente da Deloitte sobre tendências dos recursos humanos, 70% dos entrevistados disseram que este é um dos mais importantes desafios das organizações, enquanto 16% disseram que esse está entre os três problemas mais urgentes a serem enfrentados. Nesse sentido, algumas considerações são pertinentes.

Primeiramente, nunca houve uma busca tão grande por talentos. As empresas criam mecanismos surreais para localizar, recrutar e preparar, onde quer que esteja, o profissional com as competências que precisam. Os trabalhos de headhunters e recrutadores especializados nunca foi tão demandado e esse trabalho está sendo incorporado pelo departamento de RH das empresas, e não mais terceirizado. 

Em segundo lugar, e não menos importante, as ferramentas de mapeamento de perfil, análise técnica e fit cultural estão cada vez mais precisas e disponíveis para as empresas como forma de aprimorar esses processos. Não é mais aceitável que se considere normal os erros de contratação por questões comportamentais (um dos maiores ladrões de recursos financeiros do RH), já que essas soluções são alternativas viáveis para empresas de qualquer tamanho.

O grande aliado das empresas nesse contexto será a gestão dos dados relacionados às pessoas, sejam dados dos seus colaboradores ou dos profissionais que estão no mercado (outras empresas ou buscando recolocação), no que diz respeito às suas competências técnicas e comportamentais. Quem tiver mais acesso à estas informações estará um passo à frente da concorrência pelos talentos. Entretanto, ainda conforme a pesquisa da Delloite, os números não refletem um movimento sustentável das empresas nesse sentido, considerando que:

- Apenas 23% das organizações são eficazes ou muito eficazes no aproveitamento de aplicativos cognitivos.

- Apenas 16% das organizações são eficazes ou muito eficazes no uso de aplicativos habilitados para análise.

  • - Apenas 8% das organizações são eficazes ou muito eficazes na incorporação de inteligência artificial e aprendizado de máquina no processo de aquisição de talentos.

São números que confirmam um atraso estrutural das empresas para investir em tecnologia e inovação nesse setor. Este é um investimento de altíssimo retorno, já que em alguns casos as falhas em processos de recrutamento e seleção (entrevistas mal conduzidas, decisões sem embasamento técnico, comunicação falha) podem custar até 20 vezes mais do que um programa de R&S bem estruturado.

Um dos maiores equívocos é considerar que essa estruturação dos processos de R&S pode ser lenta, complexa e cara. Na prática, após um planejamento das ações e definição das ferramentas, a agilidade do processo aumenta e a assertividade das decisões é potencialmente melhorada. O benefício mais imediato é a redução dos custos para encontrar os melhores profissionais.

Enfim, com esse arsenal de ferramentas e novas práticas disponíveis no mercado, redefinir o processo de R&S é questão de sobrevivência. O mercado exige dinamismo e assertividade nesse processo. Já passamos da hora de acabar com a figura do recrutador que toma decisões por instinto e improviso. Recrutar pessoas é uma arte que precisa estar acompanhada de tecnologia e inovação.